Visita a Sistelo, a “Aldeia Maravilha de Portugal”!
Cá deixo o testemunho da minha última viagem rumo ao Norte de Portugal. “ Atelier de viagem em 4 dias com Raquel Ochoa”
Chego finalmente a Sistelo.
Um gato serpenteia as minhas pernas como quem recebe um amigo em casa. As ovelhas aproximam-se do Largo do ilustre Visconde de Sistelo e olham-me curiosas, como que a posar para a fotografia.
Com cerca de 3 centenas de habitantes, não há ali “bom dia” que fique por dizer ou história por relembrar. No bar endireitam-se as cadeiras já encostadas pela chuva. A vizinha do lado abre a porta com um bom dia estridente. Bom dia não seria, certamente, porque está tudo fustigado pela chuva, mas a alegria da chegada do nosso grupo, enche de esperança o dia. Até o sol parece romper as nuvens, ainda que por alguns segundos.
Ao caminhar pelas ruas, vejo logo os espigueiros ou canastros, religiosamente alinhados, como soldados cumpridores da sua missão. Guardam os cereais da aldeia, o feijão “tarrestre” e o milho. Acusam a passagem dos anos, encimados por datas inscritas e musgo reluzente.
Tudo e todos em Sistelo soam aos bons velhos tempos. Dá-lhe uma graça especial. A fonte, no centro do largo, assinala o ponto de encontro e os pormenores das casas convidam à curiosidade. As escadarias de ferro, os degraus de pedra, os cortinados brancos rendilhados e as portas de madeira entreabertas são típicas de uma aldeia onde reina a paz. Há um só bar aberto em Sistelo, mesmo ao lado da porta da tasquinha. É simples, porque a vida aqui quer-se assim. As conversas correm facilmente, passam pelo estado do tempo, pelos primos, pelas fotografias na parede e pelo vinho feito pelo neto (bem bom por sinal).
Que sorte viver num lugar assim…suspirei eu.
” Sorte ou azar” – respondeu logo um Sistelense.
“Que a beleza do isolamento tem o seu preço, mas aqui, pelo menos, não há nenhuma pessoa que morra em casa e que só acabe descoberto dias depois! E continuou…Basta que não apareçam até às 10h da manhã na rua, que vamos logo ver o que se passa!”
Eu calei-me com um sorriso de quem ouviu o que não estava à espera, e gostou.
Desde que Sistelo se tornou uma das aldeias mais bonitas de Portugal, combate-se lentamente a desertificação. Os turistas (sobretudo espanhóis) vêm atraídos pelos famosos socalcos ou “escadas de cultivo vertical” que deram a Sistelo o nome de “Tibete Português”. Não posso confirmar se o nome foi bem atribuído porque nunca estive no Tibete, mas gostei muito do que vi. A madeirense que há em mim fez-me logo recordar “os poios” da Madeira.
Portugal é assim, uma caixinha de surpresas. Tudo tão longe e tudo tão perto.
Gostava de lá ter ficar mais tempo, de caminhar naqueles trilhos e de me perder nas conversas com os Sistelenses. Imagino-me sentada na cadeira da tasquinha ou no muro junto à Igreja a contemplar a serra do Penedo. Teríamos, com certeza, muitas histórias para partilhar, boa comida, bom vinho e tranquilidade aos molhos.
Querem mais motivos para visitar Sistelo? Deixo-vos este vídeo desta aldeia maravilhosa de Portugal.
Ali perto há também muito por descobrir.
Sugiro uma visita ao Paço de Giela, uma das casas medievais mais interessantes que conheço. Façam uma paragem no Soajo, onde uma bela família de espigueiros (mais um gato preto e branco) contemplam uma das vistas mais arrebatadoras que vi. Claro, que não me esqueço de recomendar, Arcos de Valdevez, onde corre o rio Vez (o rio menos poluído da Europa). Ou “Arcos de Valdevez, onde Portugal se fez”, e onde se fazem Arcuenses como o Francisco, que conheci na biblioteca e que me fez sentir tão orgulhosa deste nosso país. Não há nada como o calor da hospitalidade portuguesa, meus amigos!
Onde dormir em Sistelo?
Pode ficar na Casa do Avô, na Casa da Ferreirinha ou nas Casas da Peneda.
Feiras e Romarias em Sistelo? Há muitas!
A 12 e 28 de cada mês existe a Feira do Gado da Portela do Alvite. A Feira Tradicional da Cachena e do Garrano ocorre a 12 de setembro. A 15 de agosto presta-se homenagem à Senhora dos Aflitos.
Para mais informações consulte os sites www.jf-sistelo.com ou www.cmav.pt.
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