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Sobre ser Mãe

Sobre ser mãe

Muitas mulheres descrevem o nascimento de um filho, como o momento mais bonito das suas vidas. Acaba por ser um contrassenso porque, provavelmente, é também o mais doloroso. O meu foi ambos e de ambos os filhos.
Dois partos naturais, (um sem epidural, livra!), mas quando tudo passa e os tive nos braços foi, sem dúvida, o momento mais bonito da minha vida.
Senti paz, harmonia, um coração que jorra felicidade, orgulho e amor aos esguichos.
Quem me dera poder guardar essas emoções num comprimido e tomá-lo de vez em quando, seria garantidamente o mais vendido no Mundo. Azar (ou sorte) que isto não se produza sinteticamente, é tudo naturalmente biológico e orgânico.



E depois começa a dor.
A dor de vê-los chorar e com cólicas, a dor das 1as vacinas ou do nascimento dos primeiros dentes. A dor do primeiro dia do regresso ao trabalho e a primeira noite que dormimos sem eles. A dor da primeira doença, da ida ao hospital ou da primeira vez que tiram sangue para fazer análises. A dor da primeira queda ou desilusão e assim sucessivamente.

Pelo meio, há momentos de imensa felicidade.
A felicidade dos primeiros passos, da primeira vez que nos chamam mamã, do primeiro beijinho, abraço, carinho, do primeiro aniversário, das gracinhas, das caretas, das cantigas e presentes do dia da mãe...das conversas à hora de ir dormir, dos desabafos da primeira paixão não correspondida e tudo aquilo que não nos dizem mas que subentendemos, como só as mães sabem fazer.

Ainda hoje, que tenho a sorte de ter a minha mãe bem perto, sinto tudo isto, dela para mim. Sofre com o meu sofrimento, regozija-se com as minhas conquistas, quer sempre o melhor para mim, mesmo que isso nem sempre corresponda ao que idealizou. Tenho sorte, muita e também muita conversa e diálogo para chegar lá, isso, amor.
Estou convencida que o motivo pelo qual sinto tudo isto e sempre quis ser mãe, devo à minha mãe. A piegas que sou, é da sua inteira responsabilidade e do meu pai, que dos dois tenho dificuldade em decidir qual o mais sentimental.
Ensinaram-me a ser assim, dada ao sentimento. A gostar das crianças, dos animais, da natureza, a olhar à minha volta e observar. E é isto, que tento ensinar aos meus filhos.

No entanto, por vezes sinto que estes valores estão completamente desadaptados ao mundo em que vivemos. Que se calhar, agora temos que ensinar os filhos a esconderem os seus medos, os seus sentimentos, a pensarem em si primeiro, a lutarem por si e para si em primeiro lugar. Que têm que ser duros e autónomos cada vez mais cedo, saber apertar os atacadores, limpar rabos sozinhos, a auto consolarem-se à noite (sem chuchas), a saberem adormecer sem dar a mão, nem festinhas, a saberem preparar a comida.
"É porque senão chegam à Faculdade e voltam para trás com saudades da mãe!" - disseram-me há dias.

Desenvolver competências e autonomia é importante, não tenho dúvidas disso, mas OH! como eu desejava que houvesse um livro de instruções que me ensinasse a ser A MÃE, ando sempre a aprender. Há dias vi este vídeo que me fez pensar...



Li algures que ter uma “mãe é ter alguém que nos compreende mesmo quando nós não nos compreendemos a nós próprios”. Décadas de prática, só pode.
E isto tudo para dizer, que apesar de haver dias de fugir (e que fugir também é preciso, de vez em quando), de desespero e de pensar como é que vou chegar viva ao fim da semana, a verdade é que não há coisa melhor no Mundo! Feliz Dia da Mãe.

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This blog talks about the island where I was born and live - Madeira, and my endless journey to discover the world until (one day, who knows) I get to visit Mars.

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