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Sobre a depressão

Sobre a Depressão

Uma depressão, foi isso que tive; uma depressão.
Senti necessidade de escrever sobre este tema, porque acho que há imensos tabus à volta da depressão.
É a doença que mais afeta a sociedade atual e os antidepressivos, os medicamentos mais vendidos nas Farmácias Portuguesas. Julgo que não há ninguém que não conheça alguém, ou inclusive tenha algum familiar, que sofra de depressão, logo, porque não escrever sobre isso?

Parece que não há uma forma exata de definir as causas de uma depressão, no entanto existem muitas formas de se manifestar, e sim, é uma doença. A parte do corpo que adoece, não é a perna, o intestino ou o fígado, é o cérebro, tão simples como isso.

Tenho conhecido muitas pessoas que contactam com a depressão, doença essa, que me levou a fazer algumas mudanças na minha vida.

Como todas as escolhas na vida, as mudanças têm sempre dois lados, perdem-se umas coisas, ganham-se outras.

Da minha experiência pessoal, aprendi que:
A depressão é uma doença associada a um desequilíbrio de certas substâncias químicas no cérebro. Atenção; depressão não é tristeza, é muito mais complexo que isso. Desânimo persistente, baixa autoestima, sentimentos de inutilidade, vazio, culpa, irritabilidade, diminuição da capacidade de tomar decisões, alterações do sono e do apetite, isolamento social, chorar mais e com mais frequência, alterações repentinas de humor e comportamentos autodestrutivos.

As causas da depressão são difíceis de definir. Podem ser: genéticas, alimentares, stress, estilo de vida, rejeição, situações traumáticas e outros fatores tais como problemas relacionados à convivência e relacionamento no ambiente de trabalho, escola ou família.
Existe também uma forte relação entre depressão, ansiedade e sensibilidade. Por vezes as pessoas sensíveis, não possuem grande proteção emocional, o que os leva a sentir tudo muito intensamente…

Quanto ao tratamento, os medicamentos antidepressivos têm por função principal restabelecer os níveis normais das substâncias que regulam o nosso cérebro, principalmente a serotonina ( que regula o humor, entre outras coisas). No entanto, muitas pessoas que possuem esta doença não a percebem, ou fingem que nada se passa, aguentam demasiado tempo e não procuram ajuda médica especializada. Apesar de existir tratamento, existe também muito preconceito e ‘vergonha’ de admitir a doença para a poder tratar. Tem que haver muita força de vontade, o que nem sempre é fácil. Depois há coisas que ajudam, exercício físico, amigos, sol e muitos abraços.

Como diz o Augusto Cury no seu livro ‘ A saga de um pensador’ (que recomendo, vivamente) “No fundo, todo o ser humano possui alguma doença psíquica, e a doença do preconceito é a pior delas.”
E continua… “os antidepressivos tratam a dor da depressão, mas não curam o sentimento de culpa nem tratam a angústia da solidão.”, “Creio que todos nós criamos os nossos monstros, os nossos medos, inseguranças, pensamentos mutiladores, mas raramente encontramos pessoas dispostas a partilhá-los.”
Daí o papel fundamental dos psicólogos e da psicoterapia, sem medos nem preconceitos. Por vezes, é necessário olhar para nós, de outro ponto de vista e acho que há profissionais fantásticos e competentes em nos darem essas orientações.

O que é que não ajuda uma pessoa deprimida?

A pior coisa que uma pessoa deprimida pode ouvir é “isso passa, vá lá“ ou “eu cá não tenho tempo para ter depressões”, ou mesmo ser ridicularizada, estigmatizada, ignorada ou incompreendida pela situação, não só em ambientes de trabalho como familiares.
Para vencer uma depressão é necessário voltar a acreditar no próprio potencial intelectual e não desistir de nós mesmos, que acreditem é tudo o que apetece fazer.
É necessário ajuda médica, apoio psicológico, empatia, apoio dos que nos acompanham dia a dia e muita, muita conversa e reflexão.

E voltando às escolhas que se fazem na vida, toda liberdade/felicidade tem o seu preço. Há dias li que atualmente, vivemos numa sociedade de consumo, onde “tudo se justifica com trabalho e dinheiro”. Concordo.
Acho que a vida tem-me mostrado que não há dinheiro que pague tanta coisa que negligenciamos no dia a dia que é grátis.

Um conselho?

Se conheces alguém que está deprimido, não lhe perguntes o porquê. A depressão não é uma resposta rápida.
Tentar entender o negrume, a falta de ânimo, o cansaço e a solidão que essa pessoa passa é muito difícil. Mas se conseguires, estar lá para ouvir e ajudar a procurar um profissional, será uma das coisas mais amáveis que podes fazer por alguém.

Um obrigada a todos os amáveis que andam por aí…
Cuidem-se!

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This blog talks about the island where I was born and live - Madeira, and my endless journey to discover the world until (one day, who knows) I get to visit Mars.

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