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Da Madeira para Londres

“Da Madeira para Londres” por Duarte Câmara

Acredito que a melhor forma de conhecer um destino é através dos olhos de quem lá vive. Por isso, criei esta rubrica no blog “Encontro com os locais”. O objetivo é mostrar, através de pequenas entrevistas, o destino escolhido. 

Desta vez, sugiro uma viagem até Londres, com as dicas do Duarte Câmara, que ali vive há 6 anos.

Conheço o Duarte há cerca de 30 anos. Amigos na adolescência, a quarentena voltou a juntar-nos há poucos meses e nada acontece por acaso. Permitam-me que vos apresente o Duarte Câmara.

A tua biografia:

Nasci na Madeira, onde vivi, até estudar arquitetura no Porto. Ali permaneci durante 7 anos e iniciei a minha vida profissional. Guardo boas recordações das “gentes do Norte” e desta cidade muito própria, de culturas e bairrismos bem enraizados.

Por motivos profissionais e ligação à terra natal, regressei à Madeira para trabalhar numa empresa privada de arquitetura no Funchal. Mais tarde, abri o meu próprio espaço/escritório no Funchal, mas após nove anos, quis um pouco mais e fui para o Reino Unido, à procura de uma nova experiência profissional, internacional.

Atualmente em Londres, combino a arquitetura e o design de sistemas, à criação de “smart homes”.

O que te fez ir para Londres?

Não sou de estar parado e gosto de estar bastante ocupado profissionalmente. Durante os anos que trabalhei na Madeira, tive projetos interessantes no meio residencial e comercial. Investi em formações na arquitetura, e ao mesmo tempo que projetava, fiz avaliações imobiliárias e dei aulas. Apesar de todas estas atividades, houve momentos de estagnação e eu senti que precisava de mais.

Vi alguns dos meus colegas emigrarem, e senti que podia também encontrar novas oportunidades profissionais, numa grande cidade. Conheci Londres na adolescência, numas férias, e desde então marcou-me como um lugar especial. Pela proximidade à Madeira, foi fácil escolher este destino para uma nova aventura profissional.

trafalgar square

Trafalgar Square

Se um amigo te fizesse uma visita em Londres, onde é que o levarias a passear?

Manhã

Pequeno-almoço em Notting Hill, na Portobello Road, de preferência num café com esplanada, para vermos de perto o movimento do mercado de rua de antiguidades Portobello Road Market (sábado é o principal dia). Depois de vaguear pelo mercado, descíamos em direção ao Hyde Park, e cruzávamos os jardins Kensington Gardens, em direção a Bankside. Após passeio à beira-rio e para abrir o apetite, o pub Anchor Bankside, é uma boa opção. 

Kensignton Gardens

Kensignton Gardens

Almoço

Rumo a Greenwich, num passeio de barco no rio, a partir de um dos pontões Bankside ou London Bridge City. Por lá almoçávamos no Greenwich Market, com muitas opções de “street food”.

Chinese Street Food – Jian Bing

Tarde

De volta ao centro, e por ser quase obrigatório subir a um ponto alto para as melhores perspetivas da cidade, escolheria o Sky Garden, no topo do edifício Walkie Talkie – o jardim público mais alto de Londres, com uma vista de 360 ​graus (Clique aqui para ver a vista)!  Note que é necessário reservar com antecedência.

Jantar

Talvez um bom bife de carne argentina no Gaucho, (uma cadeia que tem vários restaurantes em Londres). Conheço o de Chancery Lane, em Holborn e gostei da experiência. Para animação noturna, gosto dos bares que se situam na zona de Shoreditch.

Qual o teu ponto de encontro em Londres?

As estações de comboio são sempre pontos de encontro interessantes pela sua posição estratégica. Além de me trazerem boas memórias, existem sempre pubs interessantes nas redondezas, para as primeiras conversas.

Vauxhall Train Station

Vauxhall Train Station

A zona de Covent Garden, com a sua praça sempre cheia de artistas de rua, pubs, restaurantes e mercado, é sempre um spot fantástico para começar um fim de tarde numa sexta-feira.

Sugestão de melhor relação qualidade/preço para ficar alojado em Londres?

Aconselho ficar fora do centro, como por exemplo em Wimbledon (Zona 3). Esta localidade residencial tem uma fantástica rede de transportes, que nos leva ao centro em apenas 20-30 minutos. Além de ser pitoresco, Wimbledon tem o seu ar verdejante, que nos lembra o campo. Não é à toa que o seu lema é: “Wimbledon is where town meets country”. 

Wimbledon Village

Wimbledon Village

No centro de Wimbledon, fica o renovado Premier Inn Wimbledon (Broadway)– uma boa opção.

Para mais opções em Wimbledon  clique aqui

Outras zonas de Londres, pesquise aqui: Booking.com

Dicas de transportes em Londres

Como ir do Aeroporto de Gatwick/Heathrow para o centro de Londres?

Londres tem um bom sistema de transportes públicos, estruturado da Zona 1 à Zona 6, de forma radial. Temos ainda as Zonas 7, 8 e 9, fora da Grande Londres.

River THAMES

River Thames

Nos principais aeroportos, como Gatwick (fora da Grande Londres), temos sempre comboios para o centro, para além dos táxis e autocarros. Do Aeroporto Heathrow (Zona 6) podemos também ir de metro, com paragem no interior do aeroporto.

  • Aproveito para falar do Oyster card, que é um cartão/passe, essencial em Londres. Além das opções: passe diário, semanal, mensal, pode ser usado como cartão recarregável (valor mínimo de 5 libras). Pode adquiri-lo nas estações de comboio/metro ou nas lojas exteriores de jornais/revistas (aqui designadas por “newsagents”). Dá-nos acesso a toda a rede de transportes públicos (Zonas 1- 9), autocarros, comboios, metro, elétricos, barco, e ainda ao Emirates Air Line, (um teleférico singular, a sudoeste da cidade, que cruza o rio). Geralmente, fora da Grande Londres, o Oyster Card não cobre e é necessário pagar outras tarifas (mas existem exceções como o aeroporto de Gatwick).

Qual o teu restaurante preferido em Londres?

Dos inúmeros restaurantes que aqui existem, vou selecionar dois, de diferentes registos, mas ambos fantásticos, que têm sido pontos obrigatórios de paragem, sempre que tenho visitas da família ou amigos. Estão sempre cheios, com aquele frenesim e dinâmica caraterística dos bons restaurantes. Em Londres, a reserva de mesa é geralmente recomendada.

O Wright Brothers, em Borough Market.

Oysters

Ostras

Conheci esta preciosidade, por acaso, numa visita de um amigo, quando passeávamos perto de London Bridge à procura de uma marisqueira. Esta marca é fornecedora de peixe e marisco para diversos restaurantes.

Existem 5 restaurantes desta cadeia, mas o primeiro (perto do famoso Borough Market) é o meu preferido. Pequeno e sempre movimentado, comer marisco nas suas mesas apertadas ou ao balcão é sempre uma experiência deliciosa.

O último que abriram, fica perto da emblemática Battersea Power Station, e conta com uma esplanada para o rio. É espaçoso, quer para grupos maiores, ou refeições de caráter mais calmo. Sugiro começar por umas ostras, da costa inglesa ou francesa, mesmo para quem não é apreciador. Eu até nem era, mas ali fiquei rendido, e todas as vezes que lá vou, peço uma travessa (faz parte do ritual). O mexilhão é do mais saboroso que já comi até hoje, sobretudo acompanhado por um bom vinho branco francês.

Antes do almoço, sugiro experimentar as cervejas artesanais, que existem na Battersea Brewery para abrir o apetite.;)

Battersea Brewery

Battersea Brewery

Outro restaurante que gosto muito chama-se Mediterraneo.

Fica em Notting Hill, perto de Portobello Road, e é um restaurante italiano. Cheio de estilo, confortável e caseiro, conheci-o através de locais, e a partir daí tornou-se ponto de paragem obrigatória. Gosto do Tonnarelli com tomate cereja, bacon italiano e queijo pecorino romano, ou o Fettuccine com cogumelos selvagens, pinhões e bacon italiano. Para terminar sugiro o cheesecake de morango.

Qual a tua loja preferida em Londres?

carnaby street

Carnaby Street

We built This City, Para souvenirs diferentes e originais, como pequenas peças de arte, ou ilustrações – uma loja que faz lembrar uma pequena galeria de arte. Fica situada na Carnaby Street, e patrocina jovens artistas locais.

Tate Modern tem no seu interior três lojas. A minha preferida fica no edifício Blavatnik Building. Consigo lá passar horas, a ver/escolher livros de arte e arquitetura.

London Graphics é essencial para qualquer artista plástico, designer e arquitecto, no que se refere a material técnico e artístico.

Qual é teu refúgio em Londres?

Perto do rio, é sempre onde acabo por ir. Bankside e Richmond, completamente distintos um do outro, são os meus locais favoritos. A minha paixão pela pintura, leva-me muitas vezes à Bankside Gallery, a casa da Royal Watercolour Society. Pequena e confortável, conta exposições de aguarelas contemporâneas.

Richmond

Richmond bridge

 

Se algum colega teu te pedisse 3 conselhos sobre ir trabalhar para Londres, o que dirias?

Preparação e planeamento são as palavras-chave.

Primeiro: estudar a cidade.

A preparação antes da chegada é essencial. Perceber como é que a cidade está organizada: entender os principais bairros acima e abaixo do rio, e entender de que forma estão estruturados os códigos postais (essencial para percebemos onde estamos e para onde queremos ir).

London map

London map

Segundo: obter o máximo de informação em relação ao panorama pós-Brexit. A entrada no Reino Unido, para efeitos de residência/trabalho, exige agora visto de trabalho. Este pode ser obtido no site do governo através de um sistema de pontos, consoante as qualificações, tipo de trabalho, etc. Agora é necessário obter, antecipadamente, uma oferta de trabalho de uma empresa certificada, com um valor estipulado de salário anual, e um nível de inglês intermédio. Para mais alguma informação pode visitar o site do Consulado Geral de Portugal.

Terceiro: pesquisar a zona de futura residência.

Ver ofertas para alugar casa/apartamento, pesquisar as zonas e suas diferenças. A maior parte das empresas empregadoras valoriza a proximidade ao local de trabalho. 

Hoje existe muita informação na internet, e blogs como por exemplo: Tuga em Londres e Londonist. Para procurar casa, sugiro sites como Rightmove e Zoopla.

Do que mais sentes falta em relação à Madeira?

Da leveza do ar que aí se respira. Do tempo que aí temos, que rende imenso e que nos dá liberdade para fazermos muita coisa num só dia. Da imensidão visual do mar.

E claro, acima de tudo, a família, os amigos, as festividades e eventos sociais, aos quais estava tão habituado.

A tua viagem de sonho é?

Japão, por ser um país complexo, e cheio de contrastes – culturas antigas que coexistem com uma das sociedades mais avançadas tecnologicamente. Pelo que trouxe à arquitetura contemporânea ocidental, a simplicidade, o minimalismo e a perfeita simbiose com os elementos naturais.

O teu lema é?

Nunca desistir! Em Londres aprendi que insistir e esperar, pelo que realmente acreditamos e queremos, é grande parte do percurso já atingido.

 

Obrigada Duarte! 🙂

 

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This blog talks about the island where I was born and live - Madeira, and my endless journey to discover the world until (one day, who knows) I get to visit Mars.

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