Baseada numa reportagem, que vi há dias na TV, Portugal tem uma média de 70 divórcios por dia…
Resolvi partilhar uma carta que escrevi a mim própria, um dia destes.
“Uma das decisões mais difíceis da vida de uma mãe é a de um divórcio.
A vida é dura que se farta e quando se tem filhos deixamos de poder andar a “brincar“.
Com filhos a vida tem outro sentido, outro sabor, aliás é como se tudo. de repente, começasse a fazer muito mais sentido…
Quando senti o ser mãe pela 1ª vez senti que a vida era melhor. “ Ahhh agora sim, já percebi isto do andar no Mundo…”
O sentido de não poder falhar de providenciar, sobreviver e dar o exemplo.
Agora já não posso desaparecer se me apetecer, já não posso largar o emprego e ir para África fazer voluntariado, já não me pode dar “um vipe”, “uma louca”, um devaneio, agora deixemo-nos de brincadeiras, tenho filhos ok?
E começa assim uma nova etapa, somos crescidos, somos todos adultos e seriamente responsáveis.
Começamos a falar em diminutivos, achamos graça às infindáveis descrições sobre cada minuto da vida dos nossos rebentos e passamos a vida a contá-las aos amigos (mal sabemos nós, que o mais giro é contá-las aos próprios filhos daí a uns anos e vê-los rir ás gargalhadas com os olhos brilhantes de tanta ternura) e focamo-nos nesta nossa realidade que tanto nos faz feliz.
O tempo passa e o casamento, ás vezes, também.
Infindáveis discussões sobre porque raio é que há-de ser mais importante para um “alhos” e para o outro “bugalhos“, ou porque carga de água “isto” ou “aquilo“, ou porque um dos dois precisa de ter escapes…escapar do quê, pá? Não era isto afinal?
São precisas 2 pessoas para fazer um filho, é suposto serem 2 pessoas a criá-lo. É assim no meu ponto de vista.
Na maior parte dos casos este equilibrio nunca é matemáticamente perfeito. Isso provoca revolta, ou não e se sabe (inteligentemente) gerir e se aceita que na vida nada é matemático. Talvez por sermos novos (ou velhos) por acharmos que os objectivos e os niveis de consciência são os mesmos, por acharmos que, embora em negação, que as mulheres no fundo é que mandam e que assim é que deve ser.
E chega o dia em que o desespero chega a pontos, que batemos com a porta na nossa própria cara, sim é a nós que fazemos isto, e aos nossos filhos que inevitalmente levam com isto tudo, também.
A vida começa de novo. É como se fizessemos RESET, se é que isso exite na vida real.
Diferente e mais libertadora, é como se agora passassem de facto a ser 2 pessoas a criar, a dividir responsabilidades e tarefas e ainda por cima fica tudo escrito se houver alguma dúvida é só consultar: página 5.
Começamos a sair à noite, a passear (enquanto houver dinheiro) a ir ao cinema, ao ginásio, a ler um livro, a ir ao shopping ver as novidades, achamos graça à “vida de novo solteira“ e passamos o tempo a tentar preencher o enorme vazio e a solidão que se sente quando os filhos não estão por perto. Fazemos aquelas coisas que não faziamos há séculos, o que é que era mesmo?
E até vamos mais ao shopping, á praia e ao ginásio (já tinha dito não já?), agora até podemos ir às horas que nos apetece, quando os filhos não estão connosco.
Trabalhamos, podemos focar-nos mais no trabalho, fazemos “workshops”. Eu fiz um curso de yoga, foi bom, parecia uma estudante outra vez e aprendi a relaxar, enfim, coisas novas e interessantes.
E depois há uma pergunta que passa a fazer parte do nosso quotidiano e que toda, mas toda a gente parece adorar perguntar que é :
“ Tens os teus filhos hoje ou não?”
Como se fosse possivel deixar de os ter, como se fosse possível passarmos a ser mãe em part-time e de repente desligarmos essa área do cérebro no botão on/off, simples não?
Pois é uma grande “droga” ser mãe, viciante, visceral. Largá-la dói muito, não se larga, não se desprende, ela agarra-se com unhas e dentes à nossa alma e tirarem-na é como se o coração batesse fora do peito, fica tudo vazio cá dentro.
Habituamo-nos. Claro, que remédio, temos que sobreviver lembram-se? Temos que estar sorridentes e felizes para os nossos filhos, quando chegam da casa do pai e para que nós próprias fiquemos convencidas de que tomamos a decisão mais acertada da nossa vida.
Não se arranjou outra solução dadas as circunstâncias…podia ter sido bem pior, as discussões, os gritos, às vezes até que corre bem (dentro do género), ouvem-se tantas histórias por aí…
Mas a verdade é que nunca volta a ser o que era, mas não era isso que nós queríamos?…
Façam um favor a vós própios, não tentem isto em casa, mas se tentarem usem um bom capacete…
Pensem primeiro nos vossos filhos e como devem ser salvaguardados os seus interesses e direitos, o direito a ter um mãe e um pai por perto que saibam ser isso mesmo para eles, amem-nos sempre, sempre.
Não tornem isto mais difícil do que já é, com tretas de jogos do traz e leva ou de julgamentos de quem é melhor.
Hoje li outra reportagem sobre o divórcio, ao que parece as crianças não ficam assim tão afetadas, desde que os pais não fiquem afetados eles próprios.
Sejam felizes, não é disso afinal que se trata? Qualquer dia eu sou, não serei já?…
Mãe”
Conheces alguém que está a passar por um divórcio? Partilha 😉
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