Viagem à Dinamarca – Guia para famílias
Parte 1 – Aarhus
‘Um Regresso ao Futuro’.
A palavra Dinamarca suscita sempre grandes emoções.
Ao falar sobre este destino com os meus amigos e familiares repetiam-se as seguintes exclamações:
– A sério! Adorava visitar a Dinamarca…!”
– ‘Xiii…a minha namorada anda sempre a pedir-me para irmos à Dinamarca…depois conta-me como foi!’
Mas qual a grande motivação para visitar a Dinamarca?
O que é que este país tem, de tão especial, para provocar tantos suspiros?
Veremos…
No mês passado, fomos os 4 à Dinamarca.
Tinha muita vontade de conhecer a cultura escandinava, as suas rotinas diárias e o seu estilo de vida – esta era a minha motivação.
Optamos por não visitar a capital, Copenhaga. Queríamos mesmo conhecer a ‘Dinamarca dos Dinamarqueses’, longe do circuito turístico habitual.
O nosso percurso de 9 dias passava por visitar o norte e este da Jutlândia, nomeadamente as cidades de Aarhus, Aalburg, Blokhus, Skagen (o ponto mais a norte da Europa Continental) e Billund (a capital das crianças e claro, da Legoland).
Dia 1- Funchal – Billund
Chegamos a Billund pelas 6 h da tarde. O sol brilhava e não estávamos tão cansados da viagem de avião como seria esperado. Para combater as horas passadas no avião, tínhamos feito playlists de músicas para ouvir nos Ipads, descarregamos alguns filmes e preparamos mochilas com livros e cores.
Dica: Ouvir música com auscultadores nos aviões é uma bênção para nós e para as crianças. Assim estavam, alegremente entretidas, a leste da inquietude provocada pelos ‘ruídos estranhos’ que os aviões, por vezes, fazem.
Apesar de ser uma viagem longa, fizemos 2 paragens, o que permitiu esticar as pernas no aeroporto de Lisboa e dar umas corridas no aeroporto de Oslo.
Obs: O Aeroporto de Billund é um dos mais importantes na Dinamarca. Não só por ser a sede da Legoland mas também o ponto de partida para vários destinos na Europa.
Após a chegada a Billund percorremos 98 km até Aarhus. Poderíamos ter alugado carro mas, como queríamos andar de bicicleta em Aarhus, optamos por ir de autocarro.
Existem autocarros diários com partidas regulares. Custa cerca de 24 € (180 coroas dinamarquesas) e tem a duração de 1,5 h.
Dia 2, 3 e 4 em Aarhus.
Chegar a Aarhus foi uma euforia.
O autocarro parou mesmo em frente à estação central de Aarhus cujo relógio fazia lembrar o filme ‘Regresso ao Futuro’…:)
Esse era também o nosso sentimento, à medida que descobríamos esta ‘nova’ cidade; ‘de volta’ ao futuro.

Cafes by the canal in city centre

Pop Art

Old Town

Aros Museum
Aarhus é uma cidade alegre nomeada pela Lonely Planet como um dos melhores destinos da Europa, graças ao ambiente descontraído, gastronomia, lojas de design e museus famosos. É a segunda maior cidade da Dinamarca com 330.000 cidadãos (incluindo mais de 45.000 estudantes!). A energia e criatividade pulsa a cada esquina. As ruas estão cheias de cafés, bares, restaurantes e lojas. Há movimento, cor e sustentabilidade em todo o lado, sobretudo na gastronomia e nas bicicletas ;). Esta cidade foi a primeira a desenvolver o conceito de “Go Green Aarhus ‘- uma aplicação para escolhas sustentáveis na cidade.
Para quem está mal habituado a andar de bicicleta, (como eu) confesso que foi simultaneamente assustador e excitante conduzir em Aarhus; sobretudo porque tinha que ‘estar de olho’ nas crianças e certificar-me que seguiam o trilho certo. Mas oh! se valeu a pena 🙂
Obs: Poderá alugar a sua bicicleta e fazer uma visita guiada a Aarhus no site.
Aarhus tem de tudo. Parques, florestas, portos e praias.
Para mim foi inesperado a quantidade de atividades ao ar livre. Vive-se um ambiente relaxado. Há churrascos e piqueniques nos parques e jardins da cidade.
Além do mais, fica tudo a poucos minutos do centro da cidade (de bicicleta).
Fiquei também surpreendida pelo convívio entre as pessoas. Foi uma das principais diferenças que encontrei relativamente a outras cidades Europeias. É muito comum verem-se grupos de pessoas juntas, quer amigos ou familiares. As pessoas são, na sua maioria, extremamente educadas e amigáveis.

Street Food Market
Aarhus tem muito para descobrir.
Uma zona que achei muito interessante é Aarhus Ø. Esta área está ainda em fase de construção e fica junto ao mar. Achei curioso o o que nos foi dito, acerca do desenvolvimento desta zona. O objetivo destas habitações é que exista uma população mista. Desde os estudantes ao luxo, há incentivos para todos. Junto a cada edifício há zonas de horta urbana. A lista de espera é infindável…Aqui encontra-se o famoso edifício ‘ The Iceberg’ desenhado pelo CEBRA, JDS, SeARCH, Louis Paillard Architects, mesmo ao lado do ‘Beach Bar’, com campos de volley de praia.

Beach Volley

“The Iceberg”

The beach
Mejlgade foi outra das minhas zonas preferidas de Aarhus. Esta rua fica na parte antiga da cidade e foi convertida numa rua onde se pode andar a pé ou de bicicleta. Além de muitas lojas originais, há também uma infinitude de cafés e restaurantes.
O ‘Latin Quartier’ é outro cenário típico com um ambiente chique. Nas lojas encontra desde marcas de renome internacional ao design dinamarquês passando pelas oficinas de artesãos. Não é por acaso, que esta cidade é conhecida por ser a nº1 de toda a Escandinávia para fazer compras.

Streets of Aarhus

Streets of Aarhus

A shop in the latin quartier
Passeie pela Møllestien, considerada a rua mais bonita de Aarhus!Esta rua romântica tem casinhas coloridas, onde somos novamente transportados a uma pequena aldeia de 1870-1880.
Atracções a não perder?
1. No ARoS Art Museum poderá percorrer um caminho circular de vidro colorido com 150 metros desenhado pelo artista islandês-dinamarquês Olafur Elias. Chama-se ‘Your rainbow panorama’. Foi incrível ‘mergulhar’ na cidade circundante, seguindo as cores do arco-iris. Parece que voamos sobre a cidade, fazemos parte do cenário tal como uma águia que voa bem alto. Quanto às cores…toda aquela teoria que as cores influenciam as nossas emoções comprova-se. As cores quentes como o laranja e o amarelo trazem-nos felicidade, o azul e o violeta trazem-nos paz. Estas emoções sentem-se à medida que caminhamos sobre elas.

Rainbow Panorama

Rainbow Panorama
Este museu exibe o trabalho de artistas progressistas de todo o mundo quer através de pintura, escultura, fotografia, vídeos, desenhos e instalações de arte. Grayson Perry e Robert Mapplethrope foram alguns dos nossos preferidos. As crianças adoraram, porque podiam interagir com a arte, quer em caças ao tesouro, quer nas sensações experienciadas nas instalações de arte. No caso do Mapplethrope há algumas áreas vedadas a menores e um guia sobre como introduzir as crianças à sua fotografia. O café do Museu, Aros Art Café é muito agradável e tem um bolo de chocolate divinal…
2. À beira-mar encontra-se o Dokk1, que contém a biblioteca da cidade projetada por SHL Architects. Este edifício é impressionante e tem provavelmente o parque infantil mais espetacular do mundo. Adoramos!

Dokk1

Bear Tobogan

Volcano tobogan
3. O Museu Moesgaard é um assombro, com o seu telhado inclinado coberto por relva, projetado por Henning Larsen Architects. Toda a experiência no museu é fantástica, a luz, os sons, a animação a interactividade – incríveis! Exibe atualmente uma exposição especial sobre os Gladiadores do Coliseu de Roma, num cenário tridimensional. Outra das particularidades é poder ver um dos corpos mais bem preservados da história “O Homem de Grauballe”. Este corpo data de 310 A.C. e foi encontrado num pântano da Dinamarca em 1952. Encontra-se tão bem preservado que fiquei arrepiada ao ver o seu corpo, cabelo e face. Julga-se que foi morto com um corte no pescoço. Para desanuviar, suba e desça uma escada que nos leva a conhecer de perto, a nossa família pré-histórica. Este Museu criou uma coleção única de sete exemplares da espécie humana. Desde a Lucy com 3,2 milhões de anos de idade, encontrada na Etiópia, até à mulher Koelbjerg, que viveu na Idade da Pedra. Estes exemplares foram criados de acordo com ossadas, provenientes de todo o mundo. Tem também um restaurante ótimo a bons preços e se a temperatura convidar poderá fazer uma refeição ao ar livre.

Evolution staircase

The Grauballe Man
4. Se quiser regressar ao passado pode sempre visitar a cidade antiga em Den Gamle By – The Old Town Museum. Moradias e bairros históricos estão decorados de acordo com a época, desde o século XVIII ao século XX. Existe também uma equipa de pessoas vestidas a rigor e a encenar a vida naqueles tempos. Encontrará um museu do brinquedo onde há de tudo desde os primeiros videojogos, às barbies da minha infância. Existem vários restaurantes, uma pastelaria antiga, uma clínica de 1974, um cabeleireiro, um bar de jazz, um infantário, uma livraria, e um parque de diversões no jardim. Há também diversas áreas de piquenique. Almoçámos na Traktorstedet Simonsen Garden, um restaurante com um pátio acolhedor, muito bonito. Aqui provamos as típicas sandes da Dinamarca: “smørrebrød”. Estas são feitas com pão de forma escuro e podemos escolher diversos tipos de recheios desde legumes, queijos e carnes frias.
5. Mesmo ao lado do Den Gamle By fica o Jardim Botânico. Um oásis verde e tranquilo, com lagos, árvores e relvados – convite a relaxar. Dentro das estufas encontra-se uma coleção fabulosa de plantas provenientes de todos os continentes e uma colónia de belíssimas borboletas, que esvoaçam livremente ao nosso redor.

Botanical Gardens

Botanical Garden

Botanical Garden Aarhus
6. Street Food Market. Este mercado fica mesmo ao lado de Dokk 1 que vos falei no ponto 2. É um mercado com mesas de madeira e comida de todo o mundo: “banhmi” vietnamitas, pizzas italianas, burritos mexicanos, ‘fish&chips’ ingleses, crepes e vinhos franceses. Os bons apreciadores de comida não podem perder este local, além do mais tem ótimo ambiente. Pessoas de todas as idades e com diferentes gostos partilham um dos maiores prazeres da vida – boa comida.

Street Food Market
Em 2017, Aarhus será a Capital Europeia da Cultura. Espera-se um ano repleto de eventos, novas experiências e colaborações. O tema é repensar. Essa é a mentalidade – criar uma cidade aberta a repensar a maneira como vivemos. ‘Será que as coisas poderiam ser feitas de forma diferente?’
Aarhus é uma cidade que nos faz matar saudades do passado, vislumbrar o futuro, abraçar os benefícios da sustentabilidade e o mundo que queremos deixar aos nossos filhos.
Um futuro de união, de refeições ao ar livre, de passeios de bicicleta pela cidade, floresta, parques e praias. Um futuro de respeito pelo ambiente, feito de cores, de movimento e de constante busca pelo enriquecimento cultural que nos faz abrir horizontes e repensar o viver…
E foi assim que nos despedimos desta cidade magnífica.
Obrigada Aarhus.
A estadia em Aarhus pode ser facilmente combinada com passeios para outros destinos únicos como poderão comprovar no meu próximo artigo. É sobre Aalburg. 😉
Até breve!
Essenciais:
Dormir
Luxo: Radisson Blu Scandinavia Hotel Aarhus.

Radisson Blue Bed Room

Radisson Blue – Kids room
Este hotel está super bem localizado. Fica mesmo ao lado do Museu de Arte de Aros e embora esteja no centro da cidade, é muito tranquilo. O quarto familiar é espaçoso e acolhedor. Os dois quartos estão divididos por uma porta de vidro e cada quarto tem uma janela, uma casa de banho e uma TV de écran plano enorme. As camas são super confortáveis! Oferece um bom buffet de pequeno-almoço e ao jantar têm um menu infantil e dão atividades às crianças para colorir. A comida é deliciosa e os funcionários do hotel são profissionais e amigáveis. Altamente recomendado.
Reserve aqui.Veja video do hotel.
Outras opções:
Cabinn Aarhus tem boa localização a bons preços.
Ritz Hotel fica mesmo no centro da cidade.
City Oasia Hotel é perfeito para design lovers.
First Hotel Atlantic tem quartos para famílias.
Comer
Em Aarhus os restaurantes e cafés têm padrões gastronómicos altos. Em qualquer canto, encontra pratos gourmet, orgânicos, criativos e com muita qualidade. Além da agricultura biológica ser obrigatória por lei, o facto de existirem três restaurantes galardoados com estrelas Michelin é também exemplificativo de quão é aqui valorizada a alimentação. A cozinha Nórdica inclui maioritariamente peixe e legumes. Irá também descobrir padarias orgânicas e a “smørrebrød”, sandes típica Nórdica.
O restaurante Mefisto encantou-nos pela decoração, bom ambiente e ótima comida!
Descubra qual a filosofia por detrás de um bom café em GreatCoffee.dk
Gelados (os dinamarqueses adoram gelados!)
(is significa gelado em dinamarquês)
Compras
Aqui ficam alguns dos centros comerciais mais conhecidos:
Salling, Magasin, Bruun’s gallery
Preços?
Sim, achei que a Dinamarca é um país mais caro que a média dos países do sul da Europa, mas não é tão caro como esperava.
Preço médio de uma refeição – desde 20 €
Cerveja, Capuccino cerca de 4,5 €, Sumo de 2,50 €, Água 2 €
As crianças não pagam na grande maioria dos museus assim como nos transportes públicos.
Como lá chegámos?
Partimos do Aeroporto do Funchal para o Aeroporto de Billund.
Fizemos 2 paragens, uma em Lisboa e outra em Oslo, Noruega.
Viajamos com a TAP, Lufthansa e SAS. Os voos correram todos bem, sem grandes atrasos.
Existem também voos diretos Funchal – Dinamarca no Site www.norwegian.com
Agradeço a ‘visit Aarhus‘ e ‘visit Denmark por toda a colaboração e apoio na organização desta viagem. TAK!
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